UMA DECISÃO IMPORTANTE
“Gordon”, disse a
senhora Lindsay ao marido na noite seguinte, quando ele estava desfrutando de
sua xícara de café depois do jantar na sala de visitas. Ela julgou que aquele
era o momento adequado para discutir problemas complicados: “Eu não estou nada
feliz com Sylvia".
O Senhor Lindsay fez
uma pausa para pegar um cubo extra de açúcar e para se servir de um pouco mais
de creme.
“Por que, o que está
errado com a criança?”, perguntou ele. “Eu pensei que ela estava muito bem
hoje.”
“Ela parece muito
bem”, respondeu a Senhora Lindsay; “mas eu não me sinto satisfeita, tudo a
mesma coisa".
“Tente outro
fortificante”, sugeriu o marido, esticando-se preguiçosamente na cadeira
enquanto ele falava.
“Outro fortificante
seria absolutamente inútil.”
“Então é melhor você
leva-a ao Doutor Ferguson amanhã para um exame; é bom prevenir.”
“Não é um caso para o
Doutor Ferguson, ainda que tenha me angustiado por alguns meses. Louisa estava
aqui ontem e ela percebeu isso também e falou-me seriamente sobre isso.”
“Realmente, Blanche,
você deixou preocupado agora! Qual é o problema com Sylvia? Se o Dr. Ferguson
não pode fazer nada, devemos então levá-la a um especialista.”
“Não é o corpo dela,
Gordon, que é sua mente. Ela é uma graça, mas ela está crescendo de modo tão
antiquado e calmo, ela é mais como uma velhinha do que uma menina de quase onze
anos. Louisa diz que não é saudável.”
“Eu gostaria que
Louisa cuidasse de sua própria vida”, disse Lindsay, franzindo a testa; “Eu não
consigo ver nada de errado com Sylvia. Acho que os seus modos antiquados são
particularmente encantadores".
“No entanto, eles não
são naturais na idade dela. Ela está vivendo em um mundo de sonhos e de faz de
conta. Livros são uma coisa boa, mas não é bom para ela estar completamente
enterrada neles”.
“Ela tem uma
imaginação forte”, respondeu o Senhor Lindsay, “uma coisa que Louisa nunca pode
apreciar. Ela herdou de mim e eu simpatizo completamente com sua pequena mania
de imaginar as coisas”.
“Sim, quando imaginar
não toma o lugar da vida real. Sylvia tem sido uma criança tão solitária, tão
acostumada a brincar sozinha e a fazer suas próprias diversões, que ela quase
perdeu o desejo de ter amigos da idade dela”.
“Eu pensei que ela
tinha muito amigos. Eu não te conheci alguns deles indo embora ontem, quando
voltei para casa?”
“Sim, mas ela não
gosta de tê-los aqui. É muito difícil acreditar, Gordon, que a nossa querida é
egoísta”.
“Isso ela certamente
não é!” declarou o Senhor Lindsay enfaticamente.
“Não é com a gente,
mas ela não gosta de ter seus pequenos planos perturbados por outras crianças.
Ela não aceita desistir de seu próprio caminho. Fui obrigada a repreendê-la
ontem por ficar lendo um livro, em vez de se divertir com suas visitas".
“Ela fica absorta em
seus livros”.
“É demais. Ela precisa
de mais movimento. Ela é como um pequeno rato, tão gentil, ela sempre prefere
jogos tranquilos quando brinca. Não é saudável para uma criança viver
continuamente apenas com adultos. Temos pensado tão seriamente sobre a sua
educação e ela tem sido ensinada com tanto cuidado, que eu realmente acredito
que nós demos a ela uma espécie de indigestão mental".
O Senhor Lindsay riu.
“Ela é muito
inteligente para sua idade”, disse ele. “Ela pode falar sobre botânica e
antiguidades tão bem, ou melhor, do que muitas pessoas mais velhas. Prefiro ter
Sylvia como companhia a metade das pessoas que eu conheço”.
“Mas ela não pode se
tornar pedante e eu temo que ela esteja em risco de se tornar se não tomarmos o
assunto em nossas de uma vez. Interesses intelectuais são encantadores e nós
queremos que ela os tenha, mas eles não podem ocupar o lugar de tênis ou de tacobol [1] aos onze
anos de idade. Ela é muito magra, pálida e de aparência frágil. Louisa diz que
estamos a desenvolver sua mente, em detrimento de seu corpo”.
O Senhor Lindsay gemeu
e enrugou a testa em linhas e pregas.
“O que Louisa propõe
que façamos então?” ele perguntou. “Não duvido que ela tenha algum plano para
sugerir”.
“Ela acha que Sylvia
deve ser enviada para a escola”.
“Depois, haverá tempo
de sobra para falar sobre isso antes do Natal”.
“Não é no Natal.
Agora. O semestre de Setembro está apenas começando e não é de todo muito tarde”.
“Ufa! Mas e a
Senhorita Holt? Nós não poderíamos despachá-la de repente”.
“A esposa de seu irmão
morreu durante as férias de verão, e ela ficaria muito feliz em manter a casa
para ele em Derby Shire e em cuidar de seus filhos agora órfãos. Acredito que
ela não queria voltar aqui, apenas que ela não gostaria de descumprir o
combinado. Nós não precisamos levá-la em consideração”.
“Então você realmente
propõe enviar Sylvia embora já?”
“Tenho certeza de que
seria o melhor”.
“Mas para onde?”
“Louisa conhece uma
boa escola; Senhorita Kaye em Aberglyn, onde Bertha Harding foi educada. Parece
satisfatória em todos os sentidos e o ar da montanha galesa seria bom para
Sylvia; ela ficou tão bem depois que passamos quinze dias em Llandudno”.
“Eu gostaria de saber
um pouco mais a respeito dessa escola. Sylvia é uma criança tão incomum e seria
uma infelicidade se ela fosse colocada em um grupo de meninas antipáticos e um
conjunto de professores que não a compreendem”.
“Senhorita Kaye é uma
mulher inteligente. Acho que seu sistema parece excelente”.
“Eu não quero que
Sylvia se transforme em uma espécie de dicionário ambulante, com a mente
repleta de Grego, Latim e de Euclides, não sobrando espaço para uma ideia
original”.
“Ela não vai ficar
assim lá. As meninas levam uma vida muito racional, saudável, com bastante
tempo para jogos e exercícios ao ar livre”.
“Nem eu quero que sua
conversa seja sobre nada além de golfe e hóquei, como alguns dos jovens que
conheço, os quais eu raramente consigo admirar”.
“Gordon, como você é
perverso! Louisa vai falar com você pessoalmente e dizer-lhe tudo sobre a
escola que você, porventura, queira saber. Ela virá amanhã, quando poderemos
discutir a questão a fundo. Entretanto, devemos tomar cuidado para que Sylvia
não desconfie de nada”.
Se a nossa pequena
heroína tivesse tomado conhecimento das conversas que estavam ocorrendo sobre o
seu futuro, ela sem dúvida teria agido de forma muito diferente no dia
seguinte; mas como ela desconhecia completamente que mudanças estavam em curso,
ela agiu naturalmente da sua maneira habitual, enquanto seu pai, que a estava
observando a partir de um novo ponto de vista, notou um bom número de coisas
que nunca percebera anteriormente. Em primeiro lugar, ela era delicada no café
da manhã; recusou seu ovo, pois não estava cozido o suficiente, deixou sua
torrada quando ela descobriu que a crosta fora queimada e serviu-se de uma
enorme porção de marmelada, que ela não terminou. Ela argumentou veementemente
com a Senhorita Holt sobre alguma questão insignificante e até mesmo tomou a
liberdade de corrigir sua mãe. Ela nunca passou nada na mesa sem que fosse
solicitado, deu um pulo e começou a ler um livro antes que os outros tivessem
acabado e fingiu não ouvir quando lhe foi pedido para tocar o sino. Mais ainda,
a mãe teve que dizer-lhe, por duas vezes, que eram já nove horas antes que ela
subisse para a sala de estudos.
“É certamente tempo de
manda-la para a escola”, pensou o Senhor Lindsay. “Eu receio que, com a melhor
das intenções, nós a estragamos completamente. Louisa está certa. Ela precisa
estar entre outras meninas, ter suas arrestas aparadas. Na escola não há
nenhuma provisão feita para modismos e fantasias e ela seria obrigada a seguir
os regulamentos. Vai ser bom para ela ter um pouco menos importância do que ela
tem em casa. Estranho que eu nunca percebi isso antes!”
Quando Tia Louisa
chegou, à noite, preparada para encontrar um grande número de objeções à sua
sugestão, ela ficou surpresa ao descobrir que seu irmão tenha concordado com
ela tão facilmente e, depois de ouvir seus relatos detalhados sobre os
excelentes arranjos da Senhorita Kaye, consentira muito facilmente que Sylvia
fosse enviada para lá assim que os preparativos necessários fossem resolvidos e
que sua roupa fosse considerada em ordem.
“Uma semana será tempo
suficiente para isso”, disse Tia Louisa.
“Senhorita Saunders
costurará rapidamente um vestido apropriado para a escola e você pode enviar
outras coisas que ela precise mais tarde, Blanche. Seria uma pena ela perder
mais do semestre. Ela não vai gostar de ficar atrasada nas aulas e agora que
vocês se decidiram vai ser melhor não deixar que ela tenha muito tempo para
pensar sobre isso”.
“Eu não sei o que
Sylvia vai dizer!” suspirou a Senhora Lindsay, que se arrependeu de deixar seu
amorzinho partir. “Tenho medo que ela nunca nos perdoe por isso”.
“Eu não perguntaria a
ela”, respondeu Tia Louisa com firmeza. “Ela vai gostar muito quando chegar lá
e a melhoria que isso vai fazer na vida dela vale algumas lágrimas no início.
Eu peço, Blanche, que você não seja tola agora e atrapalhe o caminho do
verdadeiro bem da criança”.
“Eu vou tentar não
falar nada”, disse a pobre Senhora Lindsay, enxugando os olhos; “Mas quando
você tem apenas uma filha e ela nunca esteve longe de você antes, parece tão
difícil deixá-la ir”.
“Oh, você vai superar
isso! Eu senti a mesma coisa quando Cuthbert foi para a escola. Estou muito
mais acostumada com isso agora. Nós não podemos manter nossas crianças sempre
ligadas às nossas saias”.
“Acho que não, mas os
meninos são diferentes das meninas e Sylvia tem sido um animal de estimação. Se
ela não ficar feliz na Mansão Heathercliffe ela simplesmente vai adoecer com
tanta lamúria, que a cura vai ser pior do que a doença”.
“Eu tenho certeza que
ela não vai fazê-lo. Ela vai ficar muito interessada em seu trabalho e suas
novas companheiras, que assim que os primeiros dias de saudades passem, ela vai
se acalmar e gostar imensamente de sua nova vida”.
“Você realmente acha
isso?” disse a Senhora Lindsay. “Bem, a decisão está tomada e acho que devemos
manter a isso agora, mas eu estou temendo o momento em que terei de dar a
notícia a ela”.
Para Sylvia o anúncio
veio como um grande choque. Ela estava totalmente despreparada para isso e a ideia
de uma mudança tão repentina não foi nada bem-vinda. Quando ela compreendeu
totalmente que em uma curta semana ela seria banida para um lugar estranho,
entre pessoas que nunca tinha visto, ela se agarrou a sua mãe em uma grande
paixão de lágrimas que se não tivesse sido pelo pensamento a respeito do que a
Tia Louisa diria a Senhora Lindsay teria desistido e implorado ao marido para
manter a criança em casa. Ela fez o possível para acalmá-la e para pintar o
futuro em cores tão brilhantes quanto sua fantasia poderia descrever.
“Eu nunca vou ser
feliz de novo, nunca mais!” soluçou Sylvia. “Eu vou ser tão miserável como
Evelyn em A Pequena Herdeira ou Rosalie em O Primo Órfão. Ambos seguiram de
coração partido até o último capítulo e assim será comigo”.
“Bobagem, querida,
você deve tentar ser corajosa! A Mansão Heathercliffe é uma escola charmosa e
tenho certeza que você vai ser feliz lá. Você encontrará tantas meninas
agradáveis da sua idade que estarão interessadas em fazer amizade com você.
Haverá muita diversão, além das lições. Eu quero que você tenha mais alguns
amigos”.
“Eu tenho Effie e May”.
“Elas são mais novas
que você. Você pode ficar melhor com meninas mais velhas, creio eu. Vai ser uma
coisa nova pertencer a uma classe. Tenho certeza que você vai gostar da
Senhorita Kaye”.
“Se ela for como a
diretora de Sara Crewe, eu vou odiá-la”, declarou Sylvia.
“Mas ela não é. Ela é
muito gentil e não é nada empertigada. Ela leva as meninas para agradáveis
passeios no campo e, às vezes, eles vão para a praia. Você gosta tanto do
litoral, não gosta?”
“Sim”, disse Sylvia,
em dúvida, “nas férias e você e Papai estão lá. Vou ter que fingir que sou um
fora da lei ou um refém, como Richard em O Pequeno Duque e que os meus súditos
são ocupados lutando para manter meu reino enquanto estou fora”.
“Imagine o que quiser
minha querida, mas eu não acho que você precisa fingir nada para se divertir em
Aberglyn. Você vai encontrar alguns livros novos lá, de qualquer forma: há uma
grande biblioteca na escola”.
“Eu gostaria disso.
Mas oh, Mãe, eu vou passar meu aniversário na escola!”
“Eu sinto muito por
isso, mas podemos enviar-lhe os seus presentes e você terá sua festa quando
você chegar em casa. Agora, seja a minha menina corajosa e se anime. Eu quero
começar a decidir as coisas que você vai levar com você e o que deve ser
deixado para trás”.
Tanta coisa tinha que
acontecer durante a breve última semana de Sylvia em casa, que de manhã até a
noite, os dias pareciam completamente cheios. Suas aulas habituais com sua
governanta foram dadas e da sala de estudos virou por um tempo em um tipo
estúdio de costura. Senhorita Saunders, a costureira, instalou-se na mesa com
sua máquina de costura, trabalhando em um vestido da escola e um novo casaco de
outono, enquanto sua mãe e Senhorita Holt terminavam, apressadamente, as roupas
íntimas de inverno.
“Não sabemos quando o
tempo pode ficar frio”, disse a Senhora Lindsay, “e é melhor enviar tudo de uma
só vez, se pudermos, apesar de que acho que as camisolas grossas terão que
seguir depois”.
Sylvia achava tudo
muito emocionante e se não fosse o pensamento de despedida de seu pai e mãe, ela
teria muito gostado de ser uma pessoa de tão grande importância. Foi
decididamente gratificante ter a Tia Louisa chegando todos os dias para
consultar sobre suas roupas e ajudar na escolha de seu novo chapéu; ela nunca
tinha dado tanta atenção a sua pequena sobrinha antes, exceto, ocasionalmente,
para expressar a desaprovação, e Sylvia sentiu que finalmente sua tia estava
lhe dando a contrapartida devida. Também as expedições comerciais foram muito
divertidas; parecia bom comprar metros de fita de cabelo de cada vez e vários
pares de botas e de luvas, assim como uma dúzia de lenços de bolso, capa de
chuva e um par de galochas. Senhorita Holt foi mantida ocupada marcando suas
novas posses, costurando fitas em meias e alongando as anáguas de inverno.
Ela tinha um grande
número de presentes dados a ela para levar para a escola. Tia Louisa
surpreendeu um dia com um lindo estojo em couro russo verde, equipado no
interior com papel de carta, envelopes, cartões postais e tudo o que seria de
provável necessidade para escrever suas cartas para casa, incluindo uma caneta
com cabo de marfim e seis pontas douradas. Havia uma chave que trancava e
destrancava o estojo e suas iniciais foram carimbadas em letras douradas na aba
superior. Dizer que ela ficou satisfeita dificilmente expressaria sua
satisfação. Tio George enviou-lhe uma caixa de pintura - não do tipo ordinário
que as crianças têm e que ela já tinha tido antes, mas sim um caixa com panelas
de porcelana de boas cores e pincéis de zibelina, com as mais delicadas cerdas,
adequadas para pintar detalhes que seus antigos pincéis de pelo de camelo
certamente teriam borrado. Sua mãe deu-lhe uma nova e muito bela Bíblia,
encadernada em marroquim roxo-escuro, com muitas ilustrações de cenas orientais
e mapas e um índice remissivo no final.
“Você deve ler um
pedacinho a cada dia, querida, como você faz em casa, embora eu não esteja lá
para explicar isso para você. Senhorita Holt fez para você este marcador para
você saber onde parou e eu coloquei um raminho de lavanda em nosso capítulo
favorito”.
O pai tinha comprado
um livro de oração e hinário em uma bolsa para levar à igreja aos domingos e
acrescentou um pequeno saco para ela deixar o dinheiro de contribuição. Primo
Cuthbert enviou uma caixa de madeira de cedro contendo um canivete de cabo
azul, vários novos lápis de grafite, uma borracha da Índia e uma mata-borrão; a
cozinheira fez para ela uma caixa de caramelos e a empregada fez em croché um
organizador de toalete para ela pendurar em sua penteadeira. Um grande baú chegou
e ficou no quarto de hóspedes pronto para ser embalado. Com tantos pacotes
sendo entregues por várias lojas, era com grande entusiasmo que se levava cada
um ao andar de cima para abri-lo na sala de estudos.
“Espero que a
Senhorita Kaye ache você tão bem como as outras garotas de sua idade”, disse a
Senhorita Holt ansiosamente, enquanto separava alguns livros e algumas peças de
música para Sylvia levar com ela. “Lembre-se que ‘aller’ é um verbo irregular!
Não me envergonhe começando com ‘j'alle, tu alles, il alle’, como você fez na
semana passada. Eu gostaria que você revisse as datas dos reis e rainhas da
Inglaterra antes de ir e também os pesos e medidas. Receio que você não esteja
muito firme em alguns deles, especialmente na quadrada e na cúbica. Acho que
você é muito boa em ortografia, mas eu tenho certeza que eles vão dizer que
você escreve mal para sua idade; você não segura a caneta corretamente e você
faz tantas manchas. Espero que não lhe perguntem sobre para a geografia da
Europa, pois mal sabe sobre a Inglaterra e seus contornos físicos; e quando
você toca a segunda sonatina de Clementi, não se esqueça de que você sempre
conta na hora errada no quarto compasso. Eu já lhe falei sobre isso tantas
vezes”.
“Tudo bem, Senhorita
Holt!” Sylvia respondeu: “Eu vou fazer o meu melhor, mas eu desejo esquecer o
velho Clementi. Odeio sonatinas. Espero que minha nova professora me dê algumas
peças novas e que não se preocupe com o metrônomo. Eu acho é o que me faz
contar errado. Vou dizer a ela que não é culpa sua. Vai ensinar seus sobrinhos
e sobrinhas em Derby Shire"?
“Não, eles frequentam
uma escola, exceto o bebê, que é muito jovem para as aulas. Terei muito que
fazer em cuidar deles e da casa. Espero que você seja feliz, Sylvia, em sua
nova vida. Tentei ensinar-lhe o básico e quaisquer futuros professores deveriam
encontrá-la bastante bem informada sobre a maioria dos assuntos”.
Havia muito pouco
tempo até mesmo para as instruções finais que a Senhorita Holt considerava
necessárias; os dias parecia literalmente voar e o último dia só veio cedo
demais para todos os interessados. Effie
e May ligaram para dizer adeus, muito tristes com separação de sua companheira
de brincadeiras e impressionadas com os preparativos, que Sylvia secretamente
lhes mostrou com muito orgulhosos.
“Você vai ser grande
demais para brincar com a gente quando você voltar”, disse Effie
melancolicamente.
“Não, eu não”,
respondeu Sylvia, beijando-a de uma forma bastante superior e paternalista. “Eu
vou gostar de vê-la na minha festa de Natal, mas talvez eu me importe em
brincar da mesma maneira, porque, veja bem, quando eu voltar, terei já onze
anos de idade e serei uma das meninas da Senhorita Kaye na Mansão Heathercliffe”.
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